domingo, 3 de abril de 2016

Quando Fecho os Olhos



Há tantas coisas boas para se recordar,

Deitar na lage, olhar o céu e procurar um finito.

Terno é saber que sempre se pode recomeçar,

Como daquela vez em que eu era apenas um menino.


Pensar me faz viver, viver me faz pensar, nada é em vão,

E quando penso, paro para observar, ou não, de memórias sou colecionador.

Não sabendo dizer, escrevo até então,

Um sonho antigo é o mais invicto ardor.

04/12/2012

domingo, 20 de março de 2016

Retrovisor - O Teatro Mágico



Pelo retrovisor enxergamos tudo ao contrário.
Letras, lados, lestes.
O relógio de pulso pula de uma mão para outra,
E na verdade nada muda.

O menino que me pediu R$0,10
É um homem de idade no meu retrovisor.
A menina debruçando favores toda suja,
É mãe de filhos que não conhece,
Vende-os por açúcar, prendas de quermesse.

A placa do carro da frente
Se inverte quando passo por ele.
E nesse tráfego acelero o que posso
Acho que não ultrapasso,
E quando o faço nem noto.

Outras flores e carros surgem no meu retrovisor.
Retrovisor é passado, é de vez em quando do meu lado,
Nunca é na frente.
É o segundo mais tarde, próximo, seguinte.
É o que passou e muitas vezes ninguém viu.

Retrovisor nos mostra o que ficou,
O que partiu, o que agora só ficou no pensamento.
Retrovisor é mesmice em trânsito lento.
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas.
Mostra as ruas que escolhi,
Calçadas e avenidas.
Deixa explícito que se for pra frente
Coisas ficarão pra trás.
A gente só nunca sabe que coisas são essas.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

O Mundo oculto de um ser


Acordo no próprio sonho, levanto e contemplo um mundo.
Como observador reparo nos detalhes, e percebo que já não há abismos.
É extenso e complexo, excede conhecimento.
Indescritível, mas ainda assim escrevo para que se torne literário.

Um dia é como mil anos e mil anos como um dia.
A luz que o incandesce não provem da radiação solar.
É complicado dizer, possível conhecer.

O que tudo faz variar é o coração de quem o habita.
Uma voz devolve razão a vida.
Não há como limitar a imaginação.

Lembre-se que se tudo acima descrito não fizer sentido,
Foi o que saiu de dentro de um travesseiro,
São apenas palavras de um louco derradeiro.
Viver a vida é uma redundância, assim como meu passado ficou para trás.

19/11/2012

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O que foi mas já não é



Antes eu era, agora sou,
Já não sei o que acontece, não recordo o que passou.

O belo que contemplo encontro em singelas observações,
Procuro algo a mais, busco contentamento e sorrio ouvindo canções, lendo Camões.

Ainda que eu tenha um calcanhar de aquiles, nada temerei,
Em um simples olhar para uma montanha, forças encontrarei.

Suponho que contenho acertos e erros em demasia,
O que ma traz inusitada alegria e assim talvez entenda a existência da poesia.


22/10/2012

domingo, 27 de dezembro de 2015

Set Me Free


Enquanto as nuvens me impedirem de contemplar o universo,
Eu estarei em um caderno, em uma canção, em um conto...

...serei o verso de uma estância, o metro de uma prosa...

...um novo acorde, a nota breve que perdura...

...a fantasia literária, a história em páginas...

...até que o céu esteja desanuviado e eu possa observar obras de um grande Arquiteto.

06/11/2012

sábado, 1 de agosto de 2015

I Want...


quinta-feira, 16 de abril de 2015

Freyr

Vá idade, aproxime-se.
Deixa-me,
Leva-me,
Suscita-me...

Faça-me de novo,
Leva-me daqui
Deixa-me...

Vaidade, retire-se.
Parta-me,
Ofusca-me,
Nega-me...

Recordo-me a tua inexistência,
Então, cega-me lentamente,
E rompa-me...

Enlevado por entre minhas próprias mãos,
Volvo-me capaz em divisar-me diante a tudo o que temo.
Acerco-me da razão que emana o coração,
Talvez como Odisseu perante Polifemo.

Me frusto, me alegro, me intento
Compreendo-me, para a verdade encontrar.
Vejo-me além, ouço-me, me invento,
Nas folhas ao vento venho tardar.



sábado, 4 de abril de 2015

Constância



O dia quente, noite fria
O meu coração se esvai
Na mais singela covardia.

A estrela que vejo distante
Me aproxima do seu Ser
E mesmo com um sextante
Nada preciso entender.

A lua resplandece e me inebria
Me inspira a criar
A mais doce melodia.

Ainda que muitos adornam
Eu não espero em vão
Pois os laços que me contornam 
Nunca se acabarão.


09/10/2012

domingo, 14 de dezembro de 2014

Empatia Literária




"A infinidade de palavras na mente são lembradas,
As afinidades dos significados no coração guardadas.
A mente pensa, expansivamente o que o coração conhece,
O coração sente, emotivamente o que os olhos leem,
E a boca fala em demasia o que o coração excede.

As palavras se definem, os versos se prosam e eu continuo escrevendo,
Me perguntando se sentir o significado das palavras as tornam compreensíveis...
E quando não me entendo, recorro ao dicionário para tentar compreender minhas qualidades morais."


 25/09/2012

domingo, 2 de novembro de 2014

O Céu do Meu Âmago




O que sinto por ora já não é o que antes senti.
O que pensava outrora, nunca deixou de ser completamente o que penso agora.
Para o meu próprio coração menti, e minha mente confundi.
Meu único acessório, encontrei na caixa de pandora,
E o mal que não podia ser desfeito, desfiz.

Desvendei e descobri a complexidade de viver dia após dia.
A exuberância das estações me deixaram em momentânea afasia,
Inusitado, contemplei em demasia o céu noturno.
Mas nada preciso falar, se pairo com um breve olhar soturno.


11/09/2012

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Saboreando a Causa




A Lua minguá, no instante em que sinto o amargo na língua.
O magro e o excesso desgosto, na estante perduram o espargo exposto,
Enquanto sucinto o composto verso observando o universo, sinto o gosto.
O gosto pela vida.


21/08/2012

sábado, 11 de outubro de 2014

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Soneto de Fidelidade - Vinicius de Moraes


De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama.

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Estoril, outubro, 1939

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Devanear







A noite durmo sonhando ou escrevo,
cravo ideias no papel
e também no travesseiro.
Singelamente observo
com olhos fechados coisas sucederem,
e deitado na cama posso até ouvir do céu,
e dentro de mim as estrelas se moverem...



sábado, 5 de abril de 2014

Displicente...mente



A lua crescendo sorriu,
Iluminando a mim, a casa, a calça e a calçada...

Mas tão brevemente sumiu,
Entristeceu-se por fim, deixando meu lar e a noite calada.